domingo, 4 de novembro de 2012

Foi só receber um cartãozinho

Era uma sexta feira, uma simples sexta feira em que, como de costume, eu levantei e fui para a aula. Era final de ano, o show do Loaded se aproximava e eu contava os segundos para ver a minha loira piadista (hehe). Mas antes eu, Júlia e Marina havíamos combinado de sair. Em Ipacity nós temos um leque de locais para ir, tipo... o shopping. E esse era nosso destino naquele dia. O motivo? A Júlia conheceria pessoalmente o Lucas, que era meio que um prometido de um reino distante do mundo dos RPG's e videogames (tudo organizado pela Marina, claro). Eu estava animada e esperei ansiosamente até finalmente chegar a hora de ver uma cena tão interessante (lê-se engraçada) e haviam me dito que talvez o Felipe iria com a XAna e eu não poderia perder a oportunidade de conhecê-la, e eu queria ver o Felipe, porque ainda tínhamos assuntos e uma amizade pendentes.
O Shopping Do Vale já estava com sua ridícula decoração de Natal que continha fadas, duendes e elfos muito psicodélicos cobertos de neon e descobertos de qualquer sentido. Eu havia passado o dia inteiro pensando em como a Júlia havia encontrado a sua cara-metade (se preferirem uma versão da Júlia de "barba" e sem banho) mas ainda faltava a minha, mas nem me importei muito... o Duff viria aí e logo, logo eu estaria coberta de novidades e a solidão seria preenchida.
Algo claro na minha memória foi o momento em que a Marina olhou para mim e disse "que gata!" e eu "não estou 'putona' com esse batom vermelho não, Mari?" e como sempre ela disse "claro que não!". O tempo foi passando e os meninos não chegavam, até que um deles (não me lembro ao certo quem) ligou para minha amiga e disse que não poderiam ir, estavam sem grana. Ela ficou muito indignada, até mais do que a Júlia, que era a donzela prometida ao Link sujo e com dentes de sabre (sou muito boazinha... mas tadinho ele é um bom rapaz). O que nos restou foi ir à Leitura (a.k.a o lugar onde podemos conhecer pessoas legais e com bom gosto em Ipatinga) e vistoriar os CD's, lá conhecemos duas meninas, a Ariel e uma outra que não me lembro o nome, batemos um longo papo e elas nos disseram que estavam acompanhadas por uns amigos porque estavam comemorando o aniversário de alguém. E nos mostraram o grupo, que vimos de longe na praça de alimentação, nossos olhos focaram logo em um rapaz de cabelos tom de mel e com cachinhos, era muito bonito e no momento eu viajei um pouquinho, mas voltei à Terra e novamente aquela ideia de "não ter ninguém" voltou à minha mente, e eu estava muito distante disso. Na minha mente eu escutava claramente a voz de Axl cantando "so far away, so faaaar away". Nós decidimos que como nada havia para fazer era melhor irmos para o Café (a.k.a o lugar mais legal de Ipatinga) e conversar. Despedimos das meninas e a música continuava na minha cabeça.
Chegamos e fomos fazer nossos pedidos, pedi um chocolate gelado e a Júlia um moka que era servido em um copinho muito bonitinho e com uma canela em pau. Lá estávamos nós conversando, rindo quando meus olhos focaram na porta do Centro Cultural (lugar onde fica o Café). Dois caras entraram. Um era nitidamente mais velho, mas isso não importava, meus olhos foram ávidos em sua blusa com as escritas Helloween e a capa do álbum "Metal Jukebox". Eu já havia escutado meu primo Túlio dizer sobre essa banda e logo percebi que o tal rapaz mais velho deveria curtir rock. Todas estávamos olhando para eles que se sentaram no lado oposto do estabelecimento quando Júlia me perguntou "a camisa dele é do Iron Maiden?" e eu respondi "não, é do Helloween, uma banda de metal.. acho que Túlio já foi em um show deles..." novamente foi interrompida por movimentos dos dois que foram para um sofá logo em frente aos nossos. Eu estava de frente para eles e nessa hora pude observar melhor o "cara do Helloween" e vi que era bonitinho, ele usava um boné preto com o símbolo da Monster em verde, tinha pele morena clara, parecia ter cabelos médios e usava barba. Continuamos a conversar, vi que ele parecia olhar para mim em determinados momentos, mas não sabia ao certo, Júlia havia terminado seu café moka e começou a morder a canela que nele veio. Marina, irritada com a situação começou a puxá-la da boca da Júlia e as duas começaram a "brigar". Os rapazes vendo a situação começaram a rir muito, e como quem estava de frente para eles era eu, comecei a falar com eles somente com os lábios "não levem a sério, são malucas!", o rapaz mais velho olhou para mim e riu, e disse ao outro "ela é a mais normal delas" eu percebi e ri para ele e imediatamente disse "sua camisa é do Helloween, não é?". Ele levantou-se rapidamente, pegando sua carteira e retirando um cartãozinho, ficou em pé logo na minha frente e disse "eu tenho uma loja de rock". Eu me assustei, claro, nunca tinha visto alguém se locomover com tanta agilidade e... eu estava em frente ao DONO de uma loja de artigos de rock, e era aqui no Vale Do Aço. Acho que devo ter feito uma cara de assustada, mas logo começamos a conversar, ele não me disse seu nome, mas me perguntou quantos anos eu tinha e incrivelmente assustou-se quando disse "quinze", ele havia dito que eu deveria ter uns 19. A conversa rendeu, e ele sempre direcionava seus olhares a mim. Isso me deixava interessada e ao mesmo tempo um pouco intimidada. Perguntei ao outro rapaz, qual era o nome do cara do Helloween. "Lyon". "Nossa que chique, um nome francês!" (eu adoro a França, franceses, coisas francesas e nomes como todos vocês já sabem, caros leitores). Enquanto conversávamos Lyon disse que ele tinha 19 anos. Eu havia imaginado que ele tinha uns 23, por causa da barba eu acho e disse:
- Nossa você é mais velho cara, tá brincando, né?
- Quer  que eu prove? - disse ele entregando sua carteira de habilitação.
Nessa hora eu vi que antes de "Lyon" havia um nome que era quase impronunciável.
- Como eu leio isso, cara?
- Tente...
- "Gerrá Lyon"?
- Isso mesmo... Gerardd Lyon. - disse, olhando-me com aqueles olhos.
Acho que eu devo ter sorrido como uma boba e a todo momento as meninas me olhavam com cara de "ele está a fim de você". Sabia isso dentro de mim, mas não queria criar expectativas.
Fomos descobrindo um pouco um sobre o outro, e ao saber que ele era cristão meus olhinhos brilharam. Fiquei nitidamente feliz e acho que ele percebeu isso. Para nossa surpresa a Ariel e seus amigos chegaram no local e nós descobrimos que o Lyon (até então eu o chamava assim) era amigo deles. O cabeludinho com cachinhos estava lá e foi apresentado a nós por nosso novo colega, o Lyon. Era nítida a atração que a Marina sentiu por ele. Eu também havia sentido a aproximadamente uma hora atrás, mas agora não. Agora eu estava voltada para o rapaz do Helloween com o nome francês e que era meio louco e muito animado.
Descobri que ele estava lá porque tinha que entregar uma camisa e uma touquinha para um ator famoso aqui em Ipacity, o Othon Valgas e como não pode chegar a tempo de assistir a peça que ele estava apresentando no Centro Cultural, teria que esperá-lo terminar. E assim ele foi entregar a encomenda.
O tempo passou muito rápido e minha mãe já estava indo nos buscar. Mas eu não queria ir sem ver o Lyon pela última vez, sabia que não iria vê-lo novamente, que probabilidades haveria de isso acontecer de novo? Pois é... queria pelo ou menos sentir a presença dele, que era tão forte. Já estávamos saindo, e ele chegou. Eu fiquei feliz, claro. Fomos em direção à portaria, a mesma portaria que o Lyon, aquele cara tão diferente, tão único, esquisito e... encantador havia entrado. Quando fomos nos despedir ele me abraçou de lado, e eu  notei como era alto. Quando estávamos abraçados ele me deu uma mordida na cabeça. Sim, uma mordida na cabeça. Constatei que ele não era normal. Encantei-me mais. Trocamos números e eu fiquei com uma esperançazinha de receber uma ligação e talvez nos vermos de novo. Despedimos-nos.
Indo para a portaria do Shopping a Marina disse "Mari! O Lyon tá muito afim de você!" e dentro de mim eu pulava de alegria mas misturada com insegurança. Esperando a minha mãe chegar quem nós encontramos? Os dois! Ah, o outro rapaz chamava-se Thales e era primo do Lyon. Conversamos mais um pouco e constatei, ele realmente olhava para mim, falava de uma forma diferente e "colocava uma viseira".
Dona Marina como sempre conseguiu uma maneira de conversar com ele e... minha mãe havia chegado. Despedimos-nos novamente e a Júlia entrou no carro dizendo:
"Cláudia, arrumamos um homem para Mariana!"

E eu não sabia que à partir desse dia 4 de novembro eu estava perdida. Da melhor maneira possível!

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