sábado, 13 de julho de 2013

L'Autrichienne

Não sei ao certo onde começou meu interesse pela Rainha mais emblemática da França, ou melhor, de todos os tempos: Maria Antonieta.
Posso dizer que ela me encanta de uma forma única. Quando assisti ao filme de Sofia Coppola, não conseguia me conter com a exuberância de seus vestidos, cabelos e seu mundo de fantasias alheio à tudo que acontecia na França.
Muitos a consideram uma das grandes causas da crise Francesa, seus gastos e, como intitulavam, irresponsabilidade foram uma grande contribuição para a falência dos cofres franceses. Madame Déficit.
Foi odiada e amada. Na Áustria, sua terra Natal, ela era um símbolo, já no país onde reinava, foi representante dos abusos monárquicos. Somente depois de muitas pesquisas, ler "Rainha da Moda", ver o filme de Coppola umas dez vezes (com uma interpretação graciosa de Kirsten Dunst), além de um longa em francês mais elaborado em termos de contexto histórico, é que pude entender um pouco do que passava na mente de Maria Antonieta.
Em 1770, a jovem delfina deixou sua família e seu país para dar continuidade a Dinastia Bourbon e, claro, firmar uma aliança entre Áustria e França. Para uma menina de apenas quatorze anos, apesar de muito bem preparada, essa era uma grande responsabilidade.
Além de conviver em uma corte cheia de regras e intrigas, a futura rainha não conseguia consumar seu casamento com o jovem delfim Luís Augusto, que não a procurava nem demonstrava grande interesse em suas obrigações maritais.
Para refugiar-se, Maria Antonieta procurava a diversão, seja em cavalgadas ou caçoando dos nobres mais idosos da corte. Quando subiu ao trono, sua diversão passou a ser as compras. Vestidos, penteados (os poufs), chapéus e outras extravagâncias eram mais uma maneira de fugir de sua realidade e, agora, tinha o aval para aproveitar tudo o que a vida de Rainha da França poderia oferecer.
Acompanhada de suas damas e outros amigos (todos muito jovens e com razoáveis títulos de nobreza) ela festejava, fazia bailes que duravam até o amanhecer, ia a teatros e óperas e gastava muito.
Em sua fase campestre, quando recebeu de presente do marido o Petit Trianon, ela não deixou os gastos de lado e foi muito criticada por passar muito tempo longe da corte.
O povo francês passou a odiá-la. Digamos que o Terceiro  Estado o fez (a nobreza parisiense e a alta burguesia copiava suas últimas tendências). Chamavam-na L'Austrichienne - A Austríaca em francês, mas também pode ter um sentido pejorativo, algo como cadela austríaca. Queriam saber por que o povo passava fome enquanto a corte desperdiçava torta e croissant. "Que comam brioches", a frase nunca dita mas que perpetuou durante quatro séculos.
A cada dia a revolução parecia tomar mais força, o rei que não era um grande administrador, não sabia como agir, a rainha, por muito tempo alienada às questões do Estado muito menos.
Terminou na guilhotina.
Hoje, estampa livros de história, é fonte de inspiração para a moda, é homenageada e nunca será esquecida.
Maria Antonieta foi uma figura mal compreendida, em um regime onde o rei era a maior autoridade (que era, inclusive, dada por Deus) os estamentos regra social, uma menina que se tornou mulher diante do Antigo Regime. Não era uma consorte qualquer, e sim a mocinha de cabelos louros, olhos azuis e andar gracioso que entrou em terras Francesas sendo adorada e deixou-a em meio aos gritos raivosos da revolução. Para a imortalidade.

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